16 de mai. de 2010

Eu nunca fui uma moça bem comportada - Maria de Queiroz


Eu nunca fui uma moça bem comportada. Afinal, nunca tive vocação para alegria tímida, para paixão sem beijos quentes ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de bonito. Não estou aqui para que gostem de mim. Estou aqui para aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E para seduzir somente o que me acrescenta. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que às vezes me cansa. O escondido para mim é bem melhor e o perigoso é divertido. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Também sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meio termos, com mais ou menos, ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, voracidade e falta de ar. Eu acredito é em suspiros, mãos massageando as costas, o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem paz para a minha vida. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou!

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